A pandemia provocada pela covid-19 mexeu com estruturas da sociedade que fazia muito tempo não eram abaladas, como o jeito que nos comunicamos, trabalhamos e aprendemos.
No caso do ensino básico e superior, algumas mudanças foram mais drásticas e outras trouxeram ensinamentos, como explica Thaís Schmidt, professora dos cursos de Saúde e Farmácia da USCS (Universidade de São Caetano) e do Colégio USCS, que lançou em janeiro um artigo para debater sobre o assunto.
A partir do momento que houve a quarentena, as instituições de ensino, do básico ao superior, tiveram que inovar ao trazer ferramentas digitais para que ocorressem as aulas, o que, segundo Thaís, foi um desafio enfrentado por alunos e professores.
Esse momento foi a base para iniciar o desenvolvimento do artigo Remote Teaching Approaches for Brazilian Students at the covid-19 First Pandemic Outbreak (Abordagens do Ensino Remoto para Estudantes Brasileiros no Primeiro Ano da Pandemia de covid-19), elaborado com a autora Lucinéia Ferreira Ceridório, docente na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"Identificar que não só alunos e professores do ensino básico, bem como do ensino superior também tiveram problemas de aprendizagem na pandemia, foi o pontapé das pesquisas, que começaram em 2020", diz Thaís. O artigo aborda o pré, durante e pós-pandemia a respeito da forma como a educação foi tratada, além de discutir tópicos como ensino remoto, divergências e semelhanças entre presencial e ensino à distância, e também a visão dos professores e alunos em relação ao período.
Entre alguns fatores, um deles se destaca como a maior dificuldade enfrentada nos dois modelos de ensino: o AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem). A professora comenta que, diferente das universidades, as intuições de ensino básico tiveram maior rapidez ao adaptar o modelo de ensino, do presencial para o remoto, utilizando ferramentas digitais que suprissem a ausência dos alunos em sala de aula.
Contudo, ela completa que justo os alunos da educação básica, principalmente os que estavam nos anos iniciais de alfabetização, foram os mais prejudicados pela pandemia. Isso porque, neste estágio, a presença do profissional é fundamental para o desenvolvimento do aluno.
"Outro fator que contribuiu pela rapidez do ensino básico ao modelo remoto foi a pressão de pais, alunos e professores em virtude da preparação de procedimentos futuros, como vestibulares e Enem", explica Thaís. Além disso, ela afirma que "parecia que as universidades públicas não tinham 'pressa' de escolher um AVA". As universidades privadas já contavam com plataformas digitais de ensino, facilitando a inserção do modelo EaD (Ensino à Distância) nessas instituições.
Com a adesão de plataformas digitais, professores e alunos sofreram dificuldades no processo. Thaís comenta que um dos fatores que dificultaram a vida do profissional neste modelo foi a mudança da didática. "De certo modo, cada professor opta por uma forma de dar sua aula no formato presencial. Com a migração para o remoto, parte dos professores sofreu para entender como lecionar sem uma lousa e um giz, exigindo por vezes que eles se qualificassem para aprender técnicas de ensino em aulas ao vivo", diz. Por parte dos alunos, ela diz que questões como estrutura, ambiente e internet foram fatores decisivos no aprendizado dos estudantes.
Apesar das dificuldades, a pandemia expandiu as possibilidades com o uso da tecnologia. "Hoje, graças a esse período, conseguimos trazer muito das ferramentas digitais para uso em sala de aula, utilizando a tecnologia a favor do ensino com os AVAs, além de programas que visam facilitar a vida dos professores em passar conteúdo e dos alunos em aprender", comenta a professora da USCS.
Fonte: Repórter Diário