Nos últimos 20 anos, o FIES e o ProUni foram os principais instrumentos de ampliação do acesso ao ensino superior privado no Brasil. Esses programas permitiram que milhões de estudantes ingressassem em cursos de qualidade, especialmente nas instituições particulares. No entanto, seu papel vem sendo progressivamente reduzido. O FIES encolheu em alcance e atratividade, com entraves operacionais e limitações orçamentárias; o PROUNI, embora ainda relevante, sofre com a complexidade dos critérios, evasão e gargalos regulatórios.
Com a retração do financiamento público, as mantenedoras passaram a enfrentar um novo cenário: o desafio de garantir inclusão sem comprometer sua sustentabilidade. Muitas recorrem a políticas de desconto direto, uma solução que, embora bem-intencionada, resulta em renúncia imediata de receita e compromete o fluxo financeiro futuro da IES.
Nesse contexto, o crédito próprio se apresenta como uma alternativa clara e estratégica. Ao preservar o valor integral da mensalidade e permitir o escalonamento do pagamento, o crédito próprio evita perdas financeiras, converte potenciais inadimplentes em recebíveis organizados e traz previsibilidade ao caixa institucional.
Mais do que uma ferramenta financeira, o crédito próprio tem impacto direto na permanência do aluno, na redução da inadimplência e na valorização do relacionamento de longo prazo com o estudante. Quando bem estruturado — especialmente com o apoio de instituições como a Fundacred, ele agrega governança, segurança jurídica, gestão compartilhada do risco e uso de tecnologia para análise, concessão e recuperação de crédito.
Além disso, é uma solução alinhada aos princípios da aprendizagem ao longo da vida. Ao permitir que o estudante organize seu pagamento de forma equilibrada, amplia-se o acesso também à pós-graduação, à segunda graduação e a cursos de curta duração, criando um ecossistema mais fluido, responsivo e sustentável.
O crédito próprio é, hoje, uma das mais importantes alavancas para as IES que desejam conciliar missão social com solidez financeira. Com as ferramentas certas, como as que a Fundacred disponibiliza, é possível ampliar o acesso, reter talentos e garantir equilíbrio econômico sem abrir mão do propósito educacional.
Por Alexandre Habbib Mori, assessor de Financiamentos e Políticas Educacionais do Semesp