Você já alcançou um objetivo importante no trabalho e se perguntou: “Será que ainda quero isso?” De acordo com Cat O’Shaughnessy Coffrin, fundadora e CEO da empresa de coaching executivo Captivating Consulting, esta pode ser uma “crise de meia-carreira”, experiência comum para líderes que estão perto do auge do sucesso profissional.
Em artigo escrito para a Fast Company, a especialista listou cinco dicas práticas para se preparar para esse momento e talvez até evitá-lo completamente, conforme líderes que já passaram por isso.
O caminho para evitar uma crise de identidade, segundo Coffrin, começa com o reconhecimento de que ela pode acontecer, o que, embora possa ser enervante, também pode servir como um apelo à ação útil.
“É assustador perceber que você não sabe quem você é”, disse uma executiva da área de saúde que navegou em sua própria crise no meio da carreira há alguns anos. Ainda que muitas pessoas prefiram se esconder de uma crise iminente enterrando-se no trabalho, elas só podem evitá-la por um certo tempo.
“Depois de ver, você não pode deixar de ver”, afirmou a executiva. “Você tem que agir”.
É comum que líderes confundam sua identidade pessoal com a da empresa que representam. Normalmente, eles se apresentam pelo trabalho que fazem, mas, com o tempo, começam a perder de vista onde termina o seu eu individual e começa o seu eu profissional, alerta a especialista.
“Olhando para trás, entrelacei tanto meu trabalho e minha identidade que perdi de vista quem eu era”, conta a executiva da área de saúde, refletindo sobre sua própria experiência. “Meu trabalho árduo e minhas conquistas continuaram a ser recompensados, e assim continuei. E continuei me perdendo”.
Para separar sua própria identidade de seu trabalho, Coffrin sugere que as pessoas explorem as características que as definem e que permaneceram constantes desde muito antes de seus sucessos profissionais.
“Por exemplo, uma executiva de sustentabilidade da indústria tecnológica lembrou recentemente como era conhecida como a “flautista” no seu bairro enquanto crescia. Desde cedo ela mostrou um talento especial para atrair seguidores e liderar iniciativas – uma característica, ela percebeu, que ainda usa hoje, em seu trabalho e além. Essa observação a ajudou a se reconectar com quem ela é, independente do trabalho formal que exerce”, explica.
Além disso, revisitar as primeiras aspirações profissionais e ver o que havia nesses empregos que causava atração também pode ser um ótimo exercício. “Escondidos por trás dessas memórias estão insights valiosos sobre suas curiosidades e interesses inatos”, comenta.
Uma ótima maneira de redescobrir o senso de identidade é mudar o contexto, garante Coffrin. Para isso, é preciso que as pessoas traduzam o seu conhecimento para um novo setor ou função.
“Tive uma mudança significativa na carreira quando deixei de trabalhar internamente para atuar como consultora de talentos para uma ampla gama de agências sem fins lucrativos”, compartilha Keecia James, líder e consultora de talentos independente com sede em Chicago.
“Meu trabalho agora me permite impactar uma infinidade de agências diversas, todas com missões e valores incríveis”, afirma.
Alguém que deseja traduzir seu valor deve tentar relembrar experiências vividas ao longo de sua vida e de sua carreira. Que impacto esta pessoa tende a causar em uma equipe, projeto ou organização? O que ela deixa para trás?
“Coloque isso por escrito e, em seguida, reformule de uma forma que possa ser relevante para um novo setor ou posição. Teste com pessoas que têm o emprego que você deseja e peça feedback ao longo do caminho”, orienta Coffrin.
“Tendemos a ser muito mais críticos com nós mesmos do que com aqueles que nos rodeiam. Aproveite este momento para convidar colegas, amigos e mentores para ajudá-lo a se ver sob uma luz mais generosa”, recomenda a especialista.
Neste contexto, ela sugere que as pessoas perguntem a opinião daqueles que as cercam sobre seus superpoderes únicos, seus maiores impactos e o que eles sugerem que elas celebrem mais sobre elas mesmas. “Esta é uma ótima maneira de infundir novas ideias e criatividade em sua exploração”, garante.
A executiva de saúde, por sua vez, recomenda que os profissionais saiam de sua rede de contatos habitual para ampliar seus pensamentos e encontrar um lugar seguro para explorar novas ideias.
“Encontre uma comunidade onde você possa levantar a cabeça com segurança e ser tão gentil e amável consigo mesmo quanto é com os outros”, sugere.
“Pode ser assustador definir a si mesmo e o que você deseja da vida. Mas quanto mais você ficar sem tentar, mais difícil se tornará esse esforço. Portanto, tente uma reformulação: concentre-se nas grandes questões, e não nas distâncias”, sugere Coffrin.
É preciso, por exemplo, reservar um pouco de tempo todos os dias ou semanas para escrever em diário, meditar e ficar sozinho. “Você pode descobrir que o que inicialmente parecia uma crise iminente é, em vez disso, um lembrete útil para construir hábitos que lhe sirvam melhor ao longo de sua carreira”, finaliza.
Fonte: Administradores