O Brasil vive um desafio crônico no setor de saúde: a falta de médicos em regiões estratégicas, especialmente no Norte e Nordeste. Nessas áreas, a proporção de médicos por mil habitantes é bem abaixo dos 3,3 recomendados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), a maioria (mais de 290 mil) dos profissionais está concentrada somente nas capitais, atendendo a 24% da população brasileira. Essa escassez, aliada à insuficiência de cursos de Medicina, cria um ciclo vicioso que agrava a crise de atendimento médico.
Felizmente, um novo horizonte está se abrindo com o Programa Mais Médicos (PMM), que oferece oportunidades para instituições de ensino superior (IES) que desejam atuar diretamente na formação de médicos e, assim, transformar o cenário.
O Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Saúde mapearam 116 regiões de saúde no País onde a quantidade de médicos por habitantes está abaixo da média da OCDE.
Nessas localidades, também há uma oferta insuficiente de cursos de Medicina, o que perpetua o problema: sem a formação de novos profissionais, não há como melhorar a saúde pública.
Para quebrar esse ciclo, o governo federal lançou um edital dentro do PMM, incentivando as IES a apresentarem projetos de abertura de cursos de Medicina nessas regiões carentes.
Conforme retificação do edital, publicada em 4 de julho no Diário Oficial da União, a apresentação de propostas para autorização de novos cursos pode ser feita até o dia 4 de outubro. A submissão deve ser feita por meio da plataforma MM Avaliação, do Ministério da Educação.
Mesmo que uma cidade não esteja entre as mapeadas, as IES podem submeter até dois projetos em todo o País, o que amplia ainda mais o alcance da iniciativa.
Para as IES que desejam ingressar no PMM, é fundamental garantir que o curso ofereça uma formação integral, atendendo tanto às exigências técnicas quanto sociais.
Segundo Hoffmann, alguns elementos são indispensáveis: “É necessário fazer algo com qualidade, utilizando metodologias ativas, laboratórios e simuladores de alta complexidade. Com isso, é possível ter um curso que seja eficiente tanto academicamente quanto em termos de retorno financeiro”.
Para criar novas oportunidades de formação médica, é necessário seguir o processo definido em conjunto pelo MEC e pelo Ministério da Saúde. Confira a seguir:
Para resolver eventuais desconformidades na apresentação de propostas, a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (SERES/MEC) publicou um manual para anexação de gráficos, planilhas e/ou figuras, referentes ao mérito das propostas.
Abrir um curso de Medicina, além de atender a uma demanda urgente, pode ser altamente rentável. Ao priorizar a qualidade acadêmica, as IES têm a oportunidade de oferecer uma formação humanística e ética, ao mesmo tempo em que garantem um retorno financeiro positivo.
Mas a questão vai além. A responsabilidade da universidade aumenta a partir do momento que cria e concentra um grande número de conhecimentos essenciais para o desenvolvimento local e regional. “O ensino superior desempenha um papel social fundamental”, ressalta Hoffmann, enfatizando que essa é uma oportunidade com potencial de “construir um futuro com mais saúde”.
Fonte: Desafios da Educação