Toda universidade vivencia em seu dia a dia acadêmico as visitas de reconhecimento de curso realizadas pelo Ministério da Educação (MEC). Nesse processo, os avaliadores analisam diversos documentos, reúnem-se com gestores, professores, alunos e diferentes equipes.
O intuito é avaliar três grandes eixos:
Dentro de cada eixo, há itens a serem avaliados com indicadores e critérios de 1 a 5. Esses indicadores servem como baliza para que a IES desenvolva seus cursos com qualidade. Isso porque esses itens são construídos e revisados pelo MEC para mensurar a excelência dos cursos de ensino superior no Brasil.
Como exemplo, temos o indicador 1.6, referente à Metodologia. Para que o curso obtenha a nota máxima (nota 5) nesse indicador, é necessário alcançar a seguinte métrica:
"A metodologia, constante no PPC (e de acordo com as DCN, quando houver), atende ao desenvolvimento de conteúdos, às estratégias de aprendizagem, ao contínuo acompanhamento das atividades, à acessibilidade metodológica e à autonomia do discente, coaduna-se com práticas pedagógicas que estimulam a ação discente em uma relação teoria-prática, e é claramente inovadora e embasada em recursos que proporcionam aprendizagens diferenciadas dentro da área." (INEP, 2017, p. 12).
Na contramão dessa nota máxima, temos, para o mesmo indicador, a nota 2. Nesse caso, a métrica é: "Metodologia, constante no PPC (e de acordo com as DCN, quando houver), atende ao desenvolvimento de conteúdos, mas não às estratégias de aprendizagem; ou ao contínuo acompanhamento das atividades; ou à acessibilidade metodológica; ou à autonomia do discente". (INEP, 2017, p. 12).
Vemos, portanto, que, para atingir a nota máxima, o curso precisa estimular a autonomia do aluno, correlacionar teoria e prática, desenvolver ações inovadoras e que proporcionem aprendizagens diferenciadas.
Para responder essa pergunta, apresentaremos cases de sucesso da Universidade Veiga de Almeida (UVA) dos cursos de Letras Ead, Letras Presencial e Artes Visuais Ead, todos reconhecidos com nota máxima no MEC entre os anos de 2022 e 2024.
Vejamos cada um deles:
Planejamento e Organização do Curso
O papel da coordenação é de suma importância para que resultados de excelência sejam alcançados. Entender que os indicadores utilizados nos processos de reconhecimento de curso devem ser os balizadores para a construção de um curso de educação superior é crucial.
Muito se fala de visitas da comissão do INEP às Instituições de Ensino Superior, mas pouco se fala da importância de planejamento e organização documental, que deve começar tão logo o curso seja autorizado pelo MEC. Pensar que os indicadores do INEP são instrumentos que nos ajudam com esse planejamento e organização é o primeiro passo a seguir.
No caso dos cursos de Letras e de Artes Visuais da UVA, esses indicadores foram seguidos desde o primeiro semestre, quando a coordenação, juntamente com o seu Núcleo Docente Estruturante (NDE) e Colegiado, começaram um trabalho coletivo para que uma nota máxima fosse dada ao curso durante a visita das comissões do INEP.
Nesse processo, cada critério foi cuidadosamente avaliado e procuramos atender a todos os quesitos de excelência, coletando evidências em drives e e-books, produzindo materiais didáticos de qualidade, inovando nossos ambientes de ensino e aprendizagem, pensando em metodologias ativas que pudessem contribuir de maneira inovadora para a formação de professores para a educação básica, no caso dos cursos de Letras.
Foram meses de preparação e trabalho pensando na excelência dos cursos, o que culminou com o reconhecimento com nota máxima. Não acreditávamos somente no produto final que apresentaríamos ao MEC. Pensávamos, desde o início, em todo o processo e construímos cursos que hoje são consagrados como os melhores no país.
Os docentes e discentes dos cursos de Letras e de Artes Visuais da UVA construíram uma história que foi compartilhada com as comissões do INEP com orgulho. Com certeza, nos baseamos nos indicadores, mas, acima de tudo, em um diálogo constante com a participação de várias vozes. Por meio delas, construímos nossa história, e histórias que são pensadas com planejamento e organização tendem a ser reconhecidas em todas as esferas da sociedade.
Sobre a organização do material apresentado para o INEP no momento das visitas, vale ressaltar que todas as comissões elogiaram a organização das evidências, pois criamos pastas devidamente separadas em drives para cada indicador.
Outro ponto importante é o cuidado com o PPC, principal documento avaliado. Necessário estar muito bem organizado, escrito e revisado. Uma dica é criar um sumário para o PPC com títulos alinhados aos indicadores do MEC. Isso facilita a busca dos avaliadores pelas informações necessárias.
Mostrar às comissões um material organizado é sempre o cartão de visita dos nossos cursos. Mostrar isso é mostrar um pouco de nossa história, da história que foi construída com muito trabalho coletivo.
Quando os cursos de Letras e de Artes Visuais da UVA se formaram, uma das primeiras medidas dos coordenadores foi estabelecer um NDE e um Colegiado forte, parceiro e comprometido com o curso e com os alunos.
Partimos da premissa que, para alcançarmos a excelência, é necessário esforço conjunto. E isso se revelou no dia a dia acadêmico, na divisão das tarefas entre os professores, por exemplo, que foram se responsabilizando por atividades importantes do curso, como pesquisa, extensão, prática, estágio, entre outros itens.
Quando as responsabilidades são divididas e, ao mesmo tempo, pensadas de forma coletiva, ocorre a sensação de pertencimento e isso se revela em todos os cursos que obtiveram a nota máxima.
Foi nítido para os avaliadores a integração e participação do NDE e do Colegiado do curso na construção do PPC, nas decisões pedagógicas e acadêmicas do curso, na criação de projetos inovadores, no uso de novas metodologias e tecnologias educacionais, na revisão das matrizes e das bibliografias indicadas.
A possibilidade de isso ocorrer requer dos gestores da universidade e, principalmente, do coordenador, como falado no item anterior, uma postura acolhedora, de escuta e de abertura para que o trabalho compartilhado e coletivo seja realizado.
Se dos três grandes itens avaliados pelo MEC, dois são referentes à organização didático-pedagógica e a outra ao corpo docente, entendemos que cuidar dos professores e envolvê-los no desenvolvimento do curso é vital para atingirmos a nota máxima. Um exemplo é a extensão, hoje curricularizada em todos os cursos do Ensino Superior. Como fazer extensão de excelência sem a participação efetiva do professor? E pesquisa? E prática? E eventos?
É necessário, portanto, trabalho coletivo sólido, que aproxima coordenação, professores e alunos. Nesse diálogo e nessa interação constante, os caminhos para a nota 5 vão se construindo.
O dia da visita é aquele momento de grande expectativa por parte de gestores, coordenadores, funcionários, professores e alunos. Estão todos unidos para contar a história da instituição e do curso. Isso não é uma tarefa simples, ainda mais quando sabemos que essa história a ser narrada precisa indicar aos avaliadores o que o curso faz que esteja correlacionado àquilo que o MEC precisa avaliar.
Diálogo após o resultado
É de fundamental importância entender que os trabalhos preparatórios para o reconhecimento de curso não terminam após o fechamento das visitas do INEP às instituições. Após o recebimento da nota, o trabalho continua e diálogos entre todas as partes envolvidas devem acontecer para que sejam avaliadas as notas atribuídas.
Entender as razões que levaram uma comissão a atribuir uma nota 4 e não 5 a um indicador serve para que possamos manter a continuidade do processo de planejamento do curso. Uma vez que essa construção é contínua, todas essas etapas mostradas aqui neste texto são cíclicas. Isso significa que, no momento em que dialogamos sobre os resultados, o grupo está retornando ao passo 1 e assim sucessivamente.
Dessa forma, queremos deixar aqui uma mensagem sobre o que aprendemos com esses reconhecimentos: qualquer processo avaliativo deve ser contínuo e dialógico e devemos voltar sempre ao planejamento, à organização e ao trabalho coletivo.
Fonte: Desafios da Educação