Estamos preparados para criar o futuro da educação?
Como lidamos com a inevitabilidade das mudanças?
Liderar sem antecipação é como dirigir em um lugar desconhecido sem GPS. O foco no curto prazo e a tomada de decisões apenas pautadas em resultados imediatos ou orientadas por questões regulatórias podem ser os maiores inimigos do avanço educacional e da relevância e sustentabilidade. Wendell Bell nos lembra: “Sem pensar no futuro, podemos REAGIR, mas não AGIR, porque agir exige antecipação”.
Como, então, podemos ser líderes educacionais capazes de enfrentar as incertezas do cenário educacional? Estamos prontos para adotar uma mentalidade que não apenas abraça a complexidade, mas também projeta e experimenta diferentes futuros? Ou continuaremos presos a paradigmas reducionistas? Otto Scharmer, do MIT, nos desafia: “Por que coletivamente geramos problemas que individualmente ninguém quer?”
Estamos em um momento crítico. Preparar líderes educacionais para o futuro é mais urgente do que nunca. Contudo, ao examinarmos a realidade, percebemos desafios claros:
Muitos líderes estão presos a um modelo de liderança que prioriza metas acadêmicas imediatas ou ciclos regulatórios limitados. Essa mentalidade restritiva impede o pensamento estratégico e a preparação para as incertezas futuras. Sem uma visão clara de futuro, corremos o risco de apenas reagir às mudanças, em vez de liderá-las.
A maioria dos líderes educacionais ainda reluta em considerar múltiplos cenários futuros. Essa resistência nos deixa vulneráveis a mudanças abruptas e inesperadas. Precisamos de líderes que abracem a incerteza e queiram construir uma educação inovadora e sustentável.
Desafios globais, como as mudanças climáticas, exigem uma abordagem antecipatória para mitigar seus impactos e adaptar as instituições educacionais. O crescimento econômico incerto torna a habilidade de antecipação ainda mais crucial. Apesar das evidências, muitos líderes ainda falham em preparar suas instituições para esses desafios, o que pode ter consequências devastadoras para futuras gerações.
Os programas de formação para gestores educacionais frequentemente se concentram em microgestão e conformidade regulatória, negligenciando a complexidade dos desafios globais. Isso impede que os líderes educacionais desenvolvam a visão estratégica necessária para construir o futuro.
Adotar uma mentalidade antecipatória não é uma opção — é uma necessidade estratégica. Como fazer isso? O primeiro passo é visualizar futuros possíveis. Isso envolve identificar sinais, analisar tendências emergentes em ciência, tecnologia, meio ambiente e sociedade, entender como esses fatores influenciarão o mundo e, principalmente, agir.
Não podemos esperar que as coisas se resolvam sozinhas ou que alguém imagine por nós o que queremos para nossas IES ou escolas. Essa responsabilidade é nossa. Como líderes educacionais, cabe a nós imaginar os futuros e tomar decisões hoje que garantam um amanhã desejável. Pode parecer utopia, mas é pura realidade. O futuro da educação está em nossas mãos, e é nossa tarefa criar, antecipar e construir esse futuro.
Ao longo das publicações da coluna Futuros da Educação, abordarei diversas estratégias que podem auxiliar na aplicação de uma mentalidade antecipatória no contexto da gestão educacional. Mas, por agora, vamos começar com um simples exercício:
Feche os olhos por um momento e imagine a sua escola ou IES daqui a 10 anos. Como você a vê? Está melhorando ou piorando? Agora, pense: o quanto você acredita que pode influenciar esse futuro?
Após realizar este exercício, reflita sobre suas respostas. Onde você se posicionou? Se vê sua instituição melhorando, como pode reforçar e acelerar esse progresso? Se enxerga desafios, quais ações concretas podem tomar agora para mudar essa trajetória?
Futuros são territórios fascinantes e desafiadores para explorar. Diante de infinitas possibilidades de amanhãs, como uma instituição educativa pode se tornar à prova de futuros ou, melhor, preparada para lidar com tantas possibilidades e desafios?
A verdadeira liderança educacional não se limita a buscar somente resultados imediatos, mas sim a considerar o impacto de longo prazo de cada decisão. O futuro da educação não está apenas nas mãos de professores ou estudantes, mas principalmente dos líderes que têm o poder de influenciar políticas, currículos e práticas pedagógicas, e construir modelagens pedagógicas capazes de viabilizar futuros desejáveis.
Adotar uma mentalidade antecipatória não é apenas uma necessidade; é uma solução estratégica para garantir que a educação continue a evoluir e prosperar em um mundo cada vez mais complexo e interconectado. Está preparado para ser o líder que a educação precisa? O futuro começa agora, e ele está em suas mãos.
Fonte: Desafios da Educação