Com a chegada às faculdades dos chamados nativos digitais, cresce a preocupação em unir sucesso financeiro, o prazer de atuar em uma formação e, principalmente, a empregabilidade.
A mais recente pesquisa do setor educacional a respeito mostra que quatro em cada cinco egressos de cursos da Saúde, como Medicina, Farmácia e Odontologia, trabalham na área de formação. Já 1/4 dos formados de áreas como História, Relações Internacionais e Serviço Social não está em sua área.
Essa situação foi medida com o lançamento neste mês da 4.ª Pesquisa de Empregabilidade do Instituto Semesp. Foram ouvidos 5.681 profissionais de todo o País de 178 instituições, de 9 de agosto a 1º de setembro, com o objetivo de analisar indicadores relacionados a trabalho, renda e planejamento de carreira dos egressos do ensino superior, comparando as modalidades presencial e EAD.
Desse total, 88% dos egressos concluíram a graduação na modalidade presencial. Dois de cada três respondentes (68,3%) têm até 34 anos. A maioria (55,9%) deixou as faculdades há menos de três anos.
Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, o novo levantamento indica que o grau de empregabilidade para quem tem ensino superior completo se mantém estável e em nível alto. “A pesquisa realizada pelo Instituto Semesp em 2021 revelou que 12% dos egressos do ensino superior não estavam empregados; na atual, 12,7% responderam que não estavam empregados”, diz. Ele destaca o fato de a pesquisa ser amostral e ter margem de erro.
A maior parte dos graduados que exercem atividade remunerada acredita que o diploma é valorizado ou muito valorizado pelo mercado de trabalho, independentemente se foi obtido de forma presencial ou não.
Detalhando: 67,1% dos egressos que trabalham na área de formação acreditam que o diploma é valorizado ou muito valorizado pelo mercado de trabalho. Esse porcentual é menor para os que trabalham em área diferente da de formação (42,8%) e em cargos que não exigem nível superior (41,1%).
Mesmo saindo da educação básica, maior escolaridade rende maior ganho. O porcentual dos que exercem atividade remunerada e recebem mensalmente renda de R$ 10 mil ou mais é de 6,3%.
A empregabilidade está entre os pontos que o governo federal pretende incluir na avaliação das faculdades, além de permanência, condições de oferta, impacto social e outros.
A disparidade de empregabilidade entre cursos de nível superior ainda é alta. E isso fica claro ao notar que 1/5 dos ouvidos na pesquisa nacional pretende mudar de área de atuação.
Além disso, 27,7% dos que pensam na mudança pretendem ir para a área de saúde ou bem-estar, o que está ligado ao momento pós-pandemia, mas também da maior empregabilidade.
Conforme o levantamento feito em agosto e setembro, os cursos com maior porcentual de egressos desempregados foram História (31,6%), Relações Internacionais (29,4%) e Serviço Social (28,6%).
Segundo Capelato, há duas considerações que definem a baixa empregabilidade atual em alguns programas. “(É em) áreas desvalorizadas, que as pessoas não querem trabalhar, ou áreas que efetivamente estão se retraindo muito por causa da crise econômica que se prolonga desde 2015.”
Já os programas com maior número de formados trabalhando na área são liderados pela Medicina (92% dos graduados). Na sequência aparecem Farmácia (80,4%), Odontologia (78,8%), Gestão da Tecnologia da Informação (78,4%), Ciência da Computação (76,7%), Medicina Veterinária (76,6%), Design (75%) e Relações Públicas (75%).
Um em cada quatro entrevistados menciona visão de negócios, comunicação, empreendedorismo e liderança como as habilidades necessárias para aumentar a empregabilidade – e que não foram estimuladas durante a graduação.
Isso revela certo distanciamento entre o discurso de habilidades do futuro (soft skills) integradas ao currículo e a realidade. Além disso, ao menos um em cada dez entrevistados cita também resolução de conflitos, pensamento crítico, trabalho em equipe, criatividade e raciocínio lógico.
Capelato destaca que mais avanços dependem de o País crescer, se desenvolver e reduzir desigualdades. Para isso, é fundamental melhorar a qualidade da educação básica, de forma a preparar melhor os jovens para o ensino superior.
“Aliado a isso, é preciso pensar em políticas públicas, como o Pé-de-Meia (bolsa federal de permanência para alunos de ensino médio).” Ele observa que a maioria dos jovens não ingressa no ensino superior por falta de informação e questões econômicas. “Praticamente não existem políticas de acesso e de permanência no ensino superior. Atualmente, 20% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados em graduação.”
Fonte: Estadão