5 dicas para pensar, falar e agir sob pressão
Professor de comunicação estratégica na Stanford Graduate School of Business e apresentador do premiado podcast Think Fast, Talk Smart, Matt Abrahams é constantemente procurado para orientação na preparação para discursos importantes, como apresentações do Prêmio Nobel ou TED Talks.
Em artigo para o Next Big Idea Club, Abrahams compartilhou cinco dicas para pensar, falar e agir sob pressão presentes em seu novo livro, “Think Faster, Talk Smarter: How to Speak Successfully When You’re Put on the Spot”.
1- Falando sem surtar
É comum que, mesmo que saibam o que desejam falar, as pessoas fiquem nervosas quando este momento chega. Ainda que este seja um evento planejado, não é raro que a pressão aumente, fazendo com que sentimentos como confusão, opressão ou ameaça surjam.
De acordo com Abrahams, no entanto, é possível adotar técnicas para aumentar o conforto na hora de comunicar ideias em qualquer situação, sem que a ansiedade aumente, além de fazer com que a persuasão do discurso também cresça.
Para isso, basta adotar uma abordagem dupla, tratando os sintomas, que acontecem fisiológica e mentalmente, e também as fontes, que iniciam e exacerbam a ansiedade. “A respiração é uma maneira incrível de reduzir os sintomas de ansiedade. Inspirar lentamente profundamente na parte inferior do abdômen e segurar o ar antes de liberá-lo pode reduzir os sintomas de ansiedade”, sugere o especialista.
Ele também aconselha que as pessoas foquem no presente, se afastando de preocupações com o futuro. Para isso, dar uma volta no quarteirão, conversar com alguém, ouvir uma música ou até mesmo começar regressivamente de 100 até 17 pode ajudar.
2- Conexão acima de perfeição
De acordo com Abrahams, um dos mitos mais persistentes e inúteis sustentados sobre a comunicação espontânea é a ideia de que os melhores comunicadores se expressam perfeitamente.
Por causa dessa falsa noção, amplamente difundida, é comum que as pessoas avaliem como se saem em situações cotidianas com base em palestras completamente coreografadas, o que é um erro.
“Em vez de buscar a perfeição, como podemos fazer nas apresentações, devemos abraçar a conexão e focar em como podemos nos envolver melhor no momento. Ao nos treinarmos para acalmar nossa avaliação crítica, podemos diminuir os níveis de estresse e atingir melhor nossos objetivos de comunicação”, aconselha.
Aceitar os erros, contudo, não é fácil. Para cumprir essa complicada missão, o especialista sugere que os deslizes sejam vistos não como o oposto do sucesso, mas como os meios para alcançá-lo.
“Acho útil imaginar os erros como ‘tomadas perdidas’ na produção de um filme. Quando uma equipe filma uma cena, muitas vezes eles fazem várias versões, ou ‘takes’. Eles fazem isso não porque qualquer tomada esteja certa ou errada, mas porque o diretor e a equipe querem ampliar suas opções. Eles buscam variedade para que possam escolher tomadas mais criativas, únicas ou imaginativas”, explica.
Neste contexto, as situações de comunicação podem ser vistas como oportunidades para experimentar possíveis abordagens e, desta forma, os erros se transformam em apenas mais uma “tomada” entre muitas, uma que pode capacitar e mostrar o caminho para que as pessoas se tornem melhores comunicadoras.
3- Oportunidades acima de ameaças e desafios
Situações de fala espontânea sejam frequentemente vistas como assustadoras e ameaçadoras, mas este tipo de perspectiva pode afetar o comportamento e tom, fazendo com que as pessoas falem de forma rápida e tensionem seus corpos.
Abrahams sugere, então, que estas ocasiões sejam encaradas como oportunidades de ampliar, expandir e colaborar.
Essa mudança de mentalidade pode ser assustadora, mas é possível. Para isso, ele aconselha que, em situações de conversa espontânea, especialmente aquelas em que as coisas não estão indo como planejado, as pessoas não foquem nisso.
Ao contrário, elas devem se permitir um breve momento para sentir emoção, antes de se concentrarem novamente e começarem de novo.
4- Ritmo, espaço, graça
Para que as pessoas realmente se conectem com o público, é preciso que sejam boas ouvintes. Escutar o que os outros estão dizendo e como o dizem, prestando atenção não apenas às palavras, mas também aos sinais não-verbais e situacionais que evocam suas emoções, desejos e necessidades mais profundos, é essencial, garante Abrahams.
Primeiro, é preciso se concentrar no ritmo, desacelerando as coisas. Dar-se espaço, tanto físico (como estar em um ambiente onde você possa realmente ouvir), quanto mental é fundamental.
Por fim, conforme o especialista, é preciso que as pessoas se deem graça, ou seja, permissão para parar o que está acontecendo e realmente ouvir não apenas o que está sendo dito e como está sendo dito, mas internamente como elas estão respondendo e se sentindo.
Ao desacelerar, abrir espaço e permitir ouvir o que ouvem dos outros e de si mesmas, elas não apenas responderão melhor, mas também se conectarão mais.
5- A estrutura liberta
Por mais contraditório que isso pareça, aproveitar a estrutura torna mais fácil ser criativo, conciso e claro ao falar espontaneamente.
A estrutura preferida de Abrahams, por exemplo, é “O que – E daí – E agora”. Ela começa com uma discussão sobre uma ideia, opinião, produto, serviço ou argumento (o quê). Em seguida, é preciso explicar por que isto é importante ou útil (e daí). Por fim, se diz o que o público deve fazer com esse conhecimento (e agora).
“Aproveitar uma estrutura liberta você de se preocupar com como irá empacotar sua mensagem para que possa se concentrar no que vai dizer e como vai conectá-lo ao seu público”, explica.
Fonte: Administradores