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As diferentes formas de usar a IA no ensino superior

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A inteligência artificial (IA) é um dos principais fatores de estímulo para que as pessoas saiam de suas zonas de conforto e construam novos modelos de trabalho. Quem diz isso é Seth Gordin, pioneiro do mundo digital.

Gordin fundou e comandou uma das primeiras companhias de marketing online, a Yoyodyne, vendida para o Yahoo!. Conforme ele, não apenas a sobrevivência, mas também a prosperidade está mais próxima daqueles que se adaptam rapidamente às mudanças tecnológicas. A observação vale para muitos setores da sociedade, inclusive a educação.

Aliás, cabe como uma luva para ilustrar os desafios atuais das instituições de ensino. Já em 2019, a Unesco publicou o Consenso de Pequim, documento histórico com recomendações sobre como tirar maior proveito das tecnologias de IA a fim de alcançar a Agenda 2030 para a Educação, com resultados de aprendizagem relevantes e eficazes.

IA no ensino superior

Uma pesquisa da empresa de consultoria McKinsey, feita com 2000 professores de Estados Unidos, Canadá, Cingapura e Reino Unido, constatou que de 20% a 40% do tempo de trabalho deles – o equivalente a 13 horas por semana – são gastos em atividades que poderiam ser automatizadas usando-se a tecnologia disponível à época.

Ainda de acordo com a pesquisa, a área com maior potencial de automação é a preparação das aulas. Os professores consultados disseram gastar em média 11 horas por semana em atividades de preparação. A estimativa é a de que o uso eficaz da tecnologia poderia reduzir esse tempo para apenas seis horas. A automação poderia diminuir ainda o tempo gasto pelos professores com atividades administrativas – de cinco para apenas três horas por semana.

Cabe destacar que, ao mencionarmos a IA na educação, estamos falando de uma realidade que vai muito além do ChatGPT e das possibilidades quase infinitas que oferece em termos de produção de conteúdo.

As aplicações de IA abrangem desde a gestão da IES até as práticas pedagógicas, envolvendo planejamento de políticas educacionais e elaboração de novos modelos para uma aprendizagem mais personalizada até capacitação de professores com programas que reforcem suas competências e habilidades.

Afora isso, a IA ajuda ainda a preparar a próxima geração de profissionais que ingressarão no mercado com valores e habilidades adequados para a vida e o trabalho, já adaptados às novas tecnologias que estão revolucionando o planeta. A seguir, veja algumas aplicações práticas da IA no dia a dia das IES.

Elaboração e avaliação de exames

Não é segredo que uma das atividades mais exaustivas e desgastantes dos professores é a preparação e a avaliação de testes dos alunos. A IA pode ajudar na aplicação de testes automatizados, com elevado grau de precisão, por meio de plataformas digitais que criam núcleos de questões de exames para diferentes disciplinas e verificam o grau de competência dos alunos de forma online. Isso permite ao professor dedicar mais tempo e energia ao ensino e à tutoria individual.

Controle de desempenho acadêmico

Programas de IA para análise e gerenciamento da aprendizagem já estão capacitados a acompanhar a evolução do desempenho dos alunos, com base no registro de variáveis como quantidade de acertos e tempo de resolução nos testes de avaliação e recorrência de erros em determinadas questões. Essas plataformas possibilitam ao professor ter acesso a um diagnóstico em tempo real dos pontos fortes e fracos dos estudantes a partir de dados recolhidos e processados em relatórios.

Aprendizagem adaptativa

Chama-se aprendizagem adaptativa o modelo de personalização que utiliza a IA para adequar conteúdo das aulas e o ritmo de aprendizado às necessidades individuais dos alunos. Os sistemas de IA utilizados aqui analisam os dados e promovem os ajustes necessários, evitando a desmotivação do estudante, seja por excesso ou pouco volume de dificuldades no caminho do aprendizado.

Chamada virtual

A IA pode ser aplicada também para automatizar tarefas rotineiras e burocráticas, como a chamada dos alunos em sala de aula. No Paraná, algumas escolas da rede pública fazem a chamada a partir do uso do reconhecimento facial dos estudantes, usando fotos produzidas pelos próprios professores. A iniciativa se viabilizou a partir de uma parceria entre o governo estadual e uma startup de tecnologia.

Assistente virtual para esclarecer dúvidas dos alunos

Várias instituições de ensino da América Latina fazem uso de assistentes administrativos baseados em IA para resolver dúvidas dos alunos de forma personalizada em suas plataformas virtuais. Os sistemas atuam por meio de chatbots ou assistentes de voz. Para que isso seja possível, basta a comunidade acadêmica “alimentar” o software de IA com as informações necessárias para que as respostas sejam cada vez mais precisas e adequadas.

Exemplo prático? O sistema é configurado para responder quando serão divulgados os resultados de avaliação de determinado professor, turma ou disciplina, fornecendo até mesmo o link para que sejam mais tarde acessados. Essa tutoria virtual impulsionada pela IA melhora o acesso ao apoio acadêmico, oferecendo um recurso valioso para os alunos.

Suporte para captação de novos alunos

A inteligência artificial também é útil na captação de novos estudantes. Chatbots baseados em IA atuam como assistentes virtuais para responder a perguntas frequentes de potenciais interessados em ingressar na IES por meio do site da instituição de ensino. Eles são capazes de fornecer informações sobre a estrutura de cursos, as disciplinas oferecidas, as bolsas de estudo em disponibilidade, bem como as oportunidades de estágios, processos seletivos e outras questões relevantes.

Com isso, as IES podem realizar um planejamento adequado das iniciativas de captação de novos alunos, com a criação de novas turmas ou aumento da oferta de bolsas de estudo específicas para os cursos com maior demanda de estudantes.

Otimização de campanhas de marketing

A IA também é usada para aperfeiçoar as campanhas de marketing digital das instituições de ensino. Para isso, ela identifica os públicos mais alinhados ao perfil de alunos da IES e os canais que eles utilizam em seu dia a dia. Essas ações reduzem os custos, ampliam o retorno das verbas aplicadas em publicidade e maximizam os resultados do processo de captação de novos estudantes.

Prevenção ou diminuição da evasão

Em instituições como a Georgia State University, nos Estados Unidos, a IA é aplicada para prever e interferir em casos de desistência dos alunos. Isso é feito através da análise de dados e modelos de aprendizado que identificam estudantes com dificuldades no progresso acadêmico, possibilitando que os educadores ofereçam suporte personalizado.

Já a University of Technology Sydney, da Austrália, utiliza a IA para análise que permite monitorar sentimentos, como o envolvimento e o bem-estar dos alunos. Assim, sempre que necessário, também são realizadas intervenções oportunas para solucionar o problema.

Maior acessibilidade

A inteligência artificial pode também contribuir para amplificar a acessibilidade da aprendizagem para estudantes com deficiência. Como? Moldando o conteúdo e as ferramentas utilizadas nos cursos às necessidades individuais dos alunos com deficiências visuais, auditivas ou motoras. Desse modo, permite a essa parcela de estudantes maior aproveitamento na aprendizagem.

Ações contra o cyberbullying

No Brasil, algumas escolas estão fazendo uso da inteligência artificial para diminuir o cyberbullying, que é o bullying praticado em ambientes virtuais, como redes sociais e aplicativos de mensagens.

A Escola Bosque, situada na zona sul da cidade de São Paulo, é um exemplo. Em parceria com uma empresa de tecnologia foi desenvolvido um chatbot para que alunos e professores ajudem a escolher temas a serem abordados. Assim, a partir da criação de uma base de dados, a tecnologia esclarece as dúvidas da comunidade escolar para que ela possa compreender melhor o assunto e agir de modo assertivo para evitar as ações de bullying digital.

Fonte: Desafios da Educação