Headhunters apontam onde estarão as maiores oportunidades em 2024
Ainda que de forma mais acelerada em alguns setores do que em outros, o mercado de trabalho para profissionais do C-level estará aquecido em 2024, segundo headhunters que atuam no alto escalão ouvidos pelo Valor Econômico.
Flávio Pestana, sócio da Odgers Berndston, acredita que o recrutamento e a seleção de executivos será mais forte do que nos últimos anos. "Este ano será aquele em que as empresas estarão se movimentando para voltar a crescer com mais velocidade", vislumbra.
"Podemos esperar maior demanda por conselheiros, CEOs, CFOs e CHROs, seguindo a tendência de 2023", acredita Jacques Sarfatti, sócio-diretor da Russell Reynolds Associates.
Em sua análise, a alta procura por CEOs se relaciona, entre outros fatores, com o crescente número de empresas familiares que, no passado, não formaram bons sucessores e, agora, buscam executivos de mercado para liderar os seus negócios. "Toda transição no C-level traz riscos para o negócio, e um bom planejamento sucessório não apenas mitiga possíveis impactos negativos como viabiliza retornos financeiros marcantes, gerando valor claro para empresas e acionistas", ressalta.
Ele alerta que a busca por CFOs deve crescer em 2024 em função de uma possível abertura de mercado para IPOs. Ângela Pêgas, sócia da consultoria global Egon Zehnder, também percebe esse movimento. "Todo o setor de serviços financeiros tem sido bastante demandado, exigindo mais expertise sobre novos produtos, riscos, crescimento, tecnologia e uma mentalidade mais disruptiva".
Ao mesmo tempo, Sarfatti lembra que a procura por diretores de RH tem crescido sistematicamente desde a pandemia, principalmente devido à crescente importância do capital humano na estratégia das empresas.
"A demanda por profissionais mais estratégicos e que atendam assuntos como planos de sucessão, desenvolvimento, alinhamento cultural, diversidade, equidade e inclusão teve um crescimento exponencial no ano passado e, muito provavelmente, isso se manterá em 2024", prevê.
Pêgas, por sua vez, destaca que os setores de agronegócio e biotecnologia devem seguir exigindo uma maior profissionalização, buscando executivos mais robustos com capacidade de transformar o negócio, ao passo que o segmento de saúde pode demandar mudanças devido a uma maior pressão por custos. "Também continuam sendo bastante requisitados profissionais de tecnologia, cibersegurança e inteligência artificial para companhias de todos os segmentos", pontua.
Para André Freire, sócio da Exec, alguns dos destaques do ano serão as áreas de TI e energias renováveis, pelo fato de serem temas estratégicos para as companhias. "À medida que as empresas buscam investir em inovação e automatizar seus processos, e com a adoção de energias renováveis em alta, essas áreas irão demandar um número cada vez maior de profissionais atualizados com as novas ferramentas que vão surgindo e pessoas especializadas nesses temas", pontua.
Ele enfatiza que a tendência de a tecnologia continuar balizando a expansão de algumas áreas e setores não deve parar em 2024. "É algo contínuo, a digitalização tornou esse caminho uma estrada de mão única, sem volta. Vamos assistir ainda mais evoluções, com a criação de novas áreas e o reforço nas que já existem", assinala.
Pestana, da Odgers & Berntson, acredita que o setor de infraestrutura também tende a se destacar, principalmente na área de saneamento básico. "As atividades relacionadas ao turismo de negócios também devem ter um crescimento forte neste ano e irão se movimentar em busca de profissionais", diz.
Por outro lado, Sarfatti relata que o crescimento de cargos relacionados à sustentabilidade ainda é incipiente, mesmo com a pressão da sociedade e dos investidores.
"Esperamos ver mudanças mais significativas nos próximos anos à medida que as empresas redefinam seus propósitos e aprendam a criar valor a partir das práticas ESG", observa.
No que diz respeito à demanda por conselheiros de administração, Pêgas aposta na diversidade como sendo um requisito importante.
"A disparidade na composição ainda continua existindo, embora tenha melhorado na questão de gênero", observa. Além disso, ela explica que as companhias deverão evitar contratar profissionais que participem de um número excessivo de colegiados. "As empresas querem conselheiros que efetivamente tenham visão estratégica e disponibilidade de tempo para contribuir e se aproximar da organização", revela.
Pestana, recorda que, em 2022 e 2023, o país teve inflação, juros altos, um período eleitoral muito acirrado e o início de um novo governo - por isso, as empresas foram cautelosas e aguardaram para ver como seria a política econômica.
"Agora é a hora de crescer e acreditamos que as buscas por posições relacionadas à expansão dos negócios terão prioridade nas companhias", analisa.
"Ás áreas de TI e de energias renováveis vão demandar um número cada vez maior de profissionais atualizados", finaliza André Freire.
Fonte: Valor Econômico