Pesquisa evidencia força das competências socioemocionais
Uma pesquisa desenvolvida pelo eduLab21, o laboratório de ciências para a educação do Instituto Ayrton Senna, em parceria com o município de Sobral, no Ceará, e com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES), indica a importância da educação socioemocional.
O estudo teve início em 2018 com o objetivo de monitorar as competências socioemocionais nos anos finais do ensino fundamental e pretende acompanhar os participantes até depois da formação na escola, monitorando-os também no ensino superior.
Quem conta é Gisele Alves, gerente executiva do eduLab21. “Em 2018, quando o acompanhamento teve início, esse grupo com mais de dois mil estudantes estava no 5º ano do ensino fundamental e, hoje, está no segundo ano do ensino médio. Acompanhamos essas mesmas crianças, que agora são adolescentes, para entender o desenvolvimento deles ao longo do tempo, o desenvolvimento socioemocional e cognitivo. Também acompanhamos ocorrências como casos de bullying e de violência escolar, e monitoramos a saúde mental, o bem-estar e o clima escolar desse grupo”, detalha.
O objetivo inicial era acompanhar o “desenvolvimento típico” desses estudantes ao longo do tempo, mas a pandemia trouxe mudanças no percurso. “Como temos informações desses alunos que antecedem a pandemia, bem como informações deles durante e após esse período, pudemos identificar qual foi o impacto no desenvolvimento de cada um”, explica Gisele.
“Um dos aspectos identificados é que as proficiências acadêmicas e cognitivas sofreram uma queda em comparação ao antes e depois da pandemia. Em termos percentuais, as competências socioemocionais sofreram uma queda ainda maior”, conta.
Outro ponto de destaque do estudo é o fato de as crianças que apresentavam habilidades socioemocionais melhor desenvolvidas antes da pandemia, terem sofrido menos quedas relacionadas a essas competências. “Também sofreram menos quedas em outros resultados, como saúde mental e bem-estar. É uma evidência forte do quanto as competências socioemocionais são indicadores de resiliência necessários para o desenvolvimento, apesar de eventuais ocorrências que fogem do nosso controle. É o que a ciência chama de fatores protetivos.”
Gisele afirma que a pretensão do eduLab21 é que o estudo seja ainda mais longevo. “O Oliver P. John, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e membro do nosso conselho consultivo, participa de um grupo de pesquisa que acompanha pessoas desde os 10 anos de idade, e que hoje estão na faixa dos 70. A ideia é fazer algo parecido aqui no Brasil”, adianta.
O andamento da pesquisa pode ser visto com mais detalhes no e-book Trajetórias socioemocionais durante a pandemia: Achados preliminares do Estudo longitudinal em Sobral. Faça o download do material.
Produção e divulgação de pesquisa científica
Desde 2015 no Instituto Ayrton Senna, o laboratório de ciências para a educação conta com mais de 50 colaboradores entre cientistas, professores de pós-graduação e pesquisadores de centros de pesquisas e laboratórios que atuam dentro e fora do Brasil. Além das parcerias, há também um time de colaboradores internos para a implementação de pesquisas de campo, análise de dados e recorte de resultados, implementação dentro das escolas, entre outras contribuições.
A comunicação científica acontece por meios acadêmicos, como a participação em artigos científicos, congressos e simpósios. Mas para que as pesquisas furem a bolha acadêmica, o eduLab21 lança mão de algumas estratégias, como a produção de e-books em linguagem acessível para pessoas não versadas em métodos científicos, e abordagens simplificadas de resultados complexos para os educadores que precisam usar as informações na prática.
Mais informações sobre o laboratório, bem como os materiais produzidos por ele, podem ser encontrados no site do Instituto Ayrton Senna, acesse.
Fonte: Revista Ensino Superior