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Autorregulação: a competência que todo professor pode ensinar

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Você já se perguntou por que alguns estudantes conseguem enfrentar os desafios acadêmicos com tranquilidade, enquanto outros parecem estar sempre correndo contra o tempo, lutando para manter o foco e a motivação? A resposta pode estar em uma competência crucial, muitas vezes subestimada: a autorregulação.

O que é autorregulação?

A autorregulação da aprendizagem refere-se ao processo pelo qual os estudantes não apenas planejam, mas também monitoram e avaliam o próprio aprendizado. E o mais importante: eles ajustam suas estratégias ao longo do caminho para alcançar objetivos de longo prazo. Isso significa que o controle do processo de aprendizagem deixa de ser algo imposto externamente e se torna uma regulação interna, voluntária, mediada pelo próprio estudante.

Não se trata apenas de saber como estudar, mas sim de desenvolver um controle profundo sobre seus próprios pensamentos, emoções e comportamentos. Imagine um estudante que, mesmo em meio a distrações ou momentos de desânimo, consegue manter o foco, adaptar-se a novos desafios e persistir. Esse é o exemplo claro de alguém que desenvolveu a competência da autorregulação.

Ciência por trás da autorregulação

Pesquisas indicam que alunos que praticam a autorregulação tendem a ter maior apropriação do conhecimento, maior engajamento e, consequentemente, um desempenho acadêmico superior. Mas como isso acontece? A autorregulação é um processo autodirigido em que o discente transforma suas capacidades mentais em competências profissionais. 

Estudantes autorregulados são capazes de antecipar as consequências de suas ações, formular crenças sobre o que precisam fazer, estabelecer objetivos claros e criar e executar planos detalhados para alcançar esses objetivos.

Estudos realizados por Zimmerman (2013) mostram que a autorregulação ocorre de forma cíclica, e perpassa por três fases principais: planejamento prévio, execução e autorreflexão.

  • Planejamento prévio: o estudante analisa a tarefa e define objetivos claros.
  • Execução: coloca as estratégias em prática, monitorando continuamente seu progresso.
  • Autorreflexão: avalia os resultados, refletindo sobre o que funcionou e o que pode ser melhorado.

Essas etapas se sobrepõem, formando um processo contínuo de aprendizagem, que é essencial para o desenvolvimento de uma aprendizagem ativa e autônoma.

As fases do ciclo da autorregulação representam como o estudante autorregulado tende a agir, especialmente de forma ativa e autônoma, sempre com o objetivo de aprender de maneira mais significativa.

Um aluno autorregulado, portanto, adota uma postura proativa e independente, buscando constantemente otimizar o processo de aprendizagem. No entanto, implementar a autorregulação na prática pode ser desafiador. Então, como podemos efetivamente fortalecer essa habilidade tão importante?

Estratégias práticas para fortalecer a autorregulação

Pare para refletir sobre como a presença ou ausência de autorregulação discente pode transformar completamente a dinâmica da sala de aula. Quando os alunos estão engajados e realizam as atividades de forma ativa e envolvente, os professores se sentem fortalecidos, suas expectativas aumentam, e suas escolhas metodológicas são validadas.

Quando esse engajamento não acontece, o cenário muda drasticamente: os docentes tendem a reduzir o nível de desafio das atividades e, em alguns casos, acabam se concentrando na exposição tradicional de conteúdo, sacrificando a riqueza e a profundidade do processo de aprendizagem.

A autorregulação é uma peça-chave nesse processo. Por isso, precisamos falar mais sobre esse tema e, principalmente, trabalhar de forma intencional para desenvolvê-lo na prática docente.

Aqui vão sete ações simples e práticas para apoiar os estudantes no desenvolvimento dessa competência:

  1. Converse sobre autorregulação na aprendizagem: falar sobre autorregulação com os alunos é o primeiro passo. Explique o que é, por que é importante e como ela pode ser desenvolvida ao longo do tempo.
  2. Desafios na medida certa: proponha atividades que desafiem, mas que sejam alcançáveis. Pergunte aos alunos quais desafios os mantêm motivados, para ajustar o nível de dificuldade de forma que eles se sintam desafiados, mas não sobrecarregados.
  3. Feedback equilibrado: dê feedback que valorize as conquistas e ofereça orientações construtivas. Um bom feedback deve guiar, encorajar e fazer com que o discente se sinta capaz de enfrentar novos desafios.
  4. Evite situações constrangedoras: a sala de aula deve ser um espaço seguro, onde o erro faz parte do processo de aprendizado. Evite frases que possam desmotivar, como “isso você já deveria saber”. Em vez disso, crie um ambiente onde os estudantes sintam-se à vontade para tentar, errar e aprender.
  5. Comunique-se de forma positiva: a forma como você se comunica pode fazer uma grande diferença. Use palavras que inspirem confiança e otimismo, ajudando os alunos a acreditar que podem superar qualquer desafio.
  6. Ajude a controlar impulsos: ensine os estudantes a reconhecer quando estão tendo dificuldades em controlar impulsos e ofereça estratégias para superar isso, como auto-monitoramento e ajuste de metas.
  7. Incentive a criatividade e o crescimento: inclua tarefas que permitam aos discentes expressar sua criatividade e acompanhar seu próprio progresso. Ferramentas como rubricas e checklists podem ser muito úteis para isso.

Promover a autorregulação é uma prática que demonstra profundo respeito pelos estudantes e é fundamental para ajudá-los a se tornarem mais autônomos e resilientes, preparando-os para enfrentar os desafios complexos da vida pessoal e profissional.

Fonte: Revista Ensino Superior