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Como começar a empreender sem deixar o meu atual trabalho?

R1

“Trabalho em uma empresa na área de tecnologia, mas tenho muita vontade de empreender. Não desejo necessariamente mudar de área, mas quero ter mais autonomia e sinto que tenho vocação para ser dono do meu próprio negócio. No entanto, não posso largar tudo para começar minha empresa. Como começar a empreender sem deixar o meu atual trabalho?” pergunta um Analista de Sistemas de 31 anos.

Todo mundo conhece alguém que já passou por situações como essa. Optaram por deixar carreiras corporativas para seguir caminhos mais autônomos, como consultor independente ou começando empresas. No entanto, é crucial não romantizar o empreender: é desafiador, arriscado e a carga de trabalho pode superar em muito o horário de um trabalho tradicional, mas a autonomia e a satisfação pessoal podem tornar essa jornada incrivelmente recompensadora. Abaixo você encontra algumas dicas que podem ser úteis na hora de começar essa jornada:

1. Defina sua visão empreendedora

Já tem clareza sobre o que deseja empreender? Identifique um problema de mercado significativo que você deseja solucionar e valide continuamente sua ideia, seja de produto ou serviço. Às vezes, nos apaixonamos por uma solução, mas ela pode não ser desejada pelo público.

Considere se sua ideia pode ser trabalhada nas horas vagas: você poderia realizar alguns freelancers enquanto mantém seu emprego atual? Essa transição gradual pode ser a melhor opção neste momento.

Crie um portfólio enxuto dos serviços ou produtos que pode oferecer. Ative sua rede de contatos para encontrar potenciais clientes entre amigos, familiares e ex-colegas. Esteja aberto a feedbacks sinceros para aprender e evoluir no início do negócio, sem se deixar levar pelo ego.

Simplifique as atividades administrativas para focar na entrega de valor ao cliente. Evite conflitos de interesse entre freelancers e seu emprego atual, respeitando a ética ao lidar com contatos, dados e conhecimentos da empresa.

2. Indicadores para a transição

Saber o momento certo para migrar totalmente ou desistir não será óbvio. Contudo, é possível criar cenários e marcos que o auxiliem nessa decisão. Por exemplo:

  • Se, nos próximos X meses, eu conquistar Y clientes mensais para cobrir minhas despesas pessoais, logo continuarei por mais Z meses no plano atual;
  • Se, nos próximos X meses, eu não conseguir vender projetos acima de Z reais, vou reavaliar meu portfólio ou, se necessário, abortar o plano.

Estabelecer esses cenários pragmáticos evitará decisões tomadas por impulso, seja pela pressão de um grande erro ou a euforia de um grande acerto.

3. Planejamento financeiro

Como qualquer empresa, é essencial ter um planejamento de caixa. Comece entendendo suas necessidades financeiras, como diz Jenny Blake:

  • Liste despesas essenciais (mínimo necessário);
  • Estime os custos para manter seu estilo de vida atual ou similar (bom de ter);
  • Considere o financiamento de seus sonhos e objetivos futuros (tudo que sempre quis).

Planeje também uma reserva de emergência. O "Runaway" é uma métrica conhecida das startups, e representa o quanto de dinheiro a sua empresa ainda possui até a necessidade de entrada de novos recursos. Sua migração de carreira deve considerar o "Runway" da sua vida pessoal.

4. Busque apoio

Considere parcerias ou colaborações para experimentar. Trabalhar com alguém com interesses semelhantes pode ser uma boa forma de sondar esse caminho.

Parcerias iniciais podem ser interessantes também, no qual esses parceiros podem dividir o trabalho contigo e te complementar nas atividades. Ou quem sabe, chamar alguém para cofundar o negócio e ser sua sócia(o), buscando alguém que tenha habilidades diferentes das suas. Nas duas opções, só tenha cautela, é necessário muito alinhamento de valores, comprometimento e complementaridade de competências para que dê certo. Sociedade é coisa séria!

Busque aprendizado e desenvolvimento durante essa transição. Organizações como Sebrae e Endeavor oferecem conteúdos de empreendedorismo, enquanto fundos como Canary e Latitud fornecem formações para futuros fundadores.

Em seis anos empreendendo, descobri que gosto da autonomia com responsabilidade, mas também entendi que é uma jornada zero romântica, com noites insones. Não é sobre fazer uma "palestra de sucesso", mas sim entregar algo relevante aos clientes. Nada se compara à oportunidade de concretizar aquilo em que acreditamos. Busque essa jornada pelo sentido que faz para você e saiba que não há fórmula única para a sua realização.

Que seja um período, antes de tudo, de aprendizado!

Fonte: Valor Econômico