Como é a educação em Cingapura, país com a maior nota no Pisa 2022?
Cingapura manteve a primeira colocação no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) de 2022, liderando em matemática, com 575 pontos, em leitura, com 543 pontos, e em ciências, aos 561 pontos — o equivalente a três a cinco anos a mais de nível de escolaridade em comparação aos demais alunos dos países com a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Para comparação, os alunos brasileiros pontuaram 379 em matemática, 410 em leitura e 403 em ciências. O Brasil, dessa forma, manteve sua classificação abaixo da média dos demais países.
Em Cingapura, a educação é vista como uma prioridade dos investimentos do governo. Cerca de 20% do orçamento do país é destinado à educação, evidenciando o compromisso do país com o setor.
O sistema educacional de Cingapura, administrado pelo Ministério da Educação, é estruturado em três fases: seis anos no ensino primário, quatro anos no secundário e de um a três anos no pós-secundário.
Rodney Luzio, professor de matemática do Colégio Anglo de São Paulo, enfatiza como a diversidade cultural do país influencia na valorização da educação. "Como várias pessoas estavam se interessando em estudar no país, é proveitoso [que o governo] invista em educação para atrair jovens do mundo todo", explica.
Outro ponto-chave da educação em Cingapura é o domínio da matemática no primário, fundamental para o desenvolvimento acadêmico posterior. Além disso, o país põe grande ênfase na formação de professores, acreditando que uma educação de qualidade só pode ser alcançada com professores bem treinados e qualificados.
"Há um respeito pela educação. O professor é valorizado e ganha bem, isso acaba refletindo nos alunos, que têm o gosto por estudar", diz o professor.
Já no Brasil, predomina a "formação deficitária dos professores", afirma Célio Tasinafo, diretor pedagógico do colégio Oficina do Estudante, da unidade Taquaral, localizada na região metropolitana de Campinas. Os alunos também não sabem usar os conteúdos fora da sala de aula e, muitas vezes, acham que as matérias "não servem para nada".
Entre as principais características da educação do país é a sua habilidade de se adaptar e se transformar constantemente para acompanhar as mudanças da sociedade. Nos últimos 50 anos, o país asiático implementou quatro reformas educacionais significativas.
Além disso, o jeito como os alunos enxergam a avaliação influencia a competição e o processo de provas. Segundo Luzio, os alunos não consideram a avaliação algo punitivo, como é no Brasil. Portanto, o aluno que vê seus colegas desempenhando bem nas provas que testam seus conhecimentos se sente instigado a melhorar os próprios resultados.
Em vez de os alunos focarem exclusivamente seu desempenho, o país fortalece uma atitude positiva dos alunos em relação à aprendizagem.
Fonte: Notícias R7